Ao chegar em sua residência após a corrida e se deparar com os agentes, Cid se manteve "sereno" e entregou os celulares para os investigadores, segundo relato de pessoas que acompanharam a ação. O ex-ajudante de ordens tem um acordo de colaboração premiada no âmbito do processo da trama golpista.
A operação da Polícia Federal na casa de Cid durou de 8h20 a 10h40. O Exército foi comunicado nesta manhã pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do mandado de prisão contra o tenente-coronel Mauro Cid para acompanhar a ação.
Ao determinar a prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes disse que a Polícia Federal deveria evitar a espetacularização da medida.
"A autoridade policial responsável pelo cumprimento do mandado deverá evitar a exposição indevida, abstendo-se de toda e qualquer indiscrição, inclusive midiática", escreveu o relator na decisão sigilosa à qual a CNN teve o.
A PF usou uma viatura descaracterizada para cumprir o mandado de prisão contra o tenente-coronel. Um carro cinza, configurado como “dichavado”, foi até a casa do militar. Não houve sirene nem emblema da PF.
A decisão, entretanto, foi revogada enquanto os policiais ainda estavam na residência do tenente-coronel. Houve busca e apreensão de celulares e Cid foi levado para prestar um novo depoimento à Polícia Federal.
Delator na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, o militar foi alvo de operação por suspeita de atuar para deixar o país. O ex-ministro do Turismo Gilson Machado teria tentado obter a expedição de um aporte português para Cid.
Entenda o acordo de delação de Mauro Cid
A colaboração premiada de Mauro Cid foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em 9 de setembro de 2023.
Ao firmar o acordo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deixou a prisão. Ele estava preso desde 3 maio do mesmo ano, depois de ser alvo de investigação que apura a inserção de dados falsos nos cartões de vacina do ex-presidente.
No acordo de delação, Mauro Cid pediu:
O tenente-coronel, por duas vezes, esteve ameaçado de perder os benefícios da delação. Em março de 2024, Mauro Cid ficou sob risco de perder a delação premiada após áudios vazados em que ele critica Alexandre de Moraes e a PF.
Após prestar depoimento a Moraes no dia 22 daquele mês, para explicar o vazamento dos áudios publicados pela revista “Veja”, o militar foi preso novamente. Ele ou mal e chegou a desmaiar na audiência.
Mauro Cid foi solto em 3 de maio do ano ado por decisão do ministro Moraes, que manteve integralmente o acordo de delação premiada.
Na decisão, o ministro citou que o ex-ajudante de ordens reafirmou a “voluntariedade a legalidade do acordo” e ressaltou que os áudios divulgados pela revista Veja “se tratavam de mero ‘desabafo’”.
Em novembro de 2024, o ex-ajudante de ordens teve de prestar novos esclarecimentos ao magistrado após a Polícia Federal apontar contradição em suas declarações.
O acordo foi mantido após Mauro Cid dar detalhes da participação do general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro na disputa pela Presidência em 2022.
O ex-ministro da Casa Civil e da Defesa acabou sendo preso em dezembro. Desde então, está em uma unidade do Exército no Rio de Janeiro.